segunda-feira, 18 de julho de 2011

Dungeon Siege 3

Dungeon Siege III muda tudo em relação aos anteriores na série. O jogo foi além do PC para estrear nos consoles; mudou de estúdio, indo da Gas Powered Games para as mãos da Obsidian Entertainment, de Fallout: New Vegas e Kotor 2; e está sendo publicado pela Square Enix. E as mudanças não ficaram restritas à tela de créditos do jogo, como será explicado a seguir.


Hack n’ Slash


Dungeon Siege III, como fica sugerido pelo próprio nome, é o tipo de jogo em que o jogador se diverte explorando masmorras, massacrando monstros e saqueando seus pertences, em uma ambientação de fantasia medieval. Quem jogou os primeiros dois da série encontrará algumas diferenças significativas na fórmula, como um combate simplificado e uma história mais detalhada. Mas apesar de se descaracterizar um pouco com esse tipo de mudança, o novo Dungeon Siege ainda mantém o principal de sua essência: o Hack n’ Slash.


Antes de começar a pancadaria, o jogador deve escolher um dos quatro personagens disponíveis, o que determina também o estilo de jogo que será adotado nos combates. Lucas Montbarron, um guerreiro genérico que usa uma espada e um escudo, é geralmente a opção mais fácil para quem quer se preocupar menos com habilidades complexas e mais com o botão de atacar; Katarina já é o tipo de personagem que ataca de longe, sem se arriscar no calor da batalha. Suas armas são um rifle, uma escopeta e magias ofensivas; Reinhart Manx é o típico mago, frágil e ao mesmo tempo muito poderoso; por fim, Anjali luta em duas formas: como humano, usando uma lança, e como um elemental de fogo, combinando habilidades especiais.


Cada jogador só pode escolher um personagem, mas mesmo no modo singleplayer os outros personagens acabam se juntando ao grupo rapidamente durante a história. O jogo fica um pouco diferente com cada um deles, principalmente no combate, o que de certa forma dá um valor de replay para a campanha.



Só que apesar de ir bem no detalhamento dos personagens, o mesmo não pode ser dito na questão da jogabilidade, que é demasiadamente simples e direta. A maior parte dos elementos é rasa e desinteressante, mas o pior fica para os combates. Os confrontos não são exatamente fáceis ou difíceis, apenas simples e sem graça. Não é preciso muita estratégia. Basta usar os poderes da forma mais direta o possível, com um ou outro detalhe específico (porém óbvio) nas lutas contra chefões.


Esse marasmo onde deveria existir ação fica substancialmente melhor no modo multiplayer cooperativo – e muito possivelmente os desenvolvedores pensaram apenas neste. Até quatro jogadores podem se aventurar juntos pela internet ou até dois dividindo a mesma tela. Com mais jogadores e menos personagens nas mãos da inteligência artificial, fica bem mais interessante combinar habilidades e pensar em táticas para os combates mais difíceis, possibilitando combates mais complexos e divertidos.



É até um certo mérito de Dungeon Siege III conseguir criar uma jogabilidade colaborativa que funciona bem, mas é um demérito bem mais significativo sacrificar o combate no modo de um jogador para isso.


Mas se a jogabilidade rasa é um defeito grave de Dungeon Siege, a profundidade e atenção para a história é uma surpresa positiva. O capricho nos diálogos é algo que pode ser sentido do começo ao fim do jogo. Como é padrão nos RPGs modernos, as decisões nas múltiplas escolhas durante as conversas afetam os rumos do roteiro, que tem lá seus vacilos, mas sustenta bem mais uma aventura no Reino de Ehb.


Pile o’ Loot


Diferente de muitos RPGs de ação em que boa parte da sensação de recompensa está em pilhar os corpos e pertences dos inimigos derrotados, Dungeon Siege III é um tanto quanto miserável neste aspecto: existe sim o loot, mas é longe de ser algo tão importante na jogabilidade. Geralmente os itens são trocados com freqüência e poucos são raros e bons o suficiente para que valha a pena perder muito tempo em busca de equipamento.



A evolução de personagens é outra falha em Dungeon Siege. Nos primeiros níveis é até divertido evoluir e customizar os personagens, mas perto do fim o destino é quase sempre o mesmo e, além disso, a evolução fica minguada e lenta até demais.


Apesar de fracassar nos dois sistemas de recompensa mais comuns em jogos do gênero, Dungeon Siege III consegue ser divertido para quem curte exploração e combates simples no multiplayer. E apesar da história não ser nenhuma obra prima, é caprichada e criativa o suficiente para suportar as quase 15 horas deste jogo.


Dungeon Siege III consegue surpreender positivamente por ousar em alguns aspectos, mas fracassa justamente por não ir adiante nesta linha, se limitando em uma jogabilidade rasa com um sistema de recompensas que fica pior à medida que o jogo avança. Mas apesar dessas falhas, o modo multiplayer cooperativo é interessante e consegue valorizar o combate simples do jogo e talvez por isso – e por uma história decente – valha a pena matar a curiosidade e experimentar este lançamento.


Nenhum comentário:

Postar um comentário